O Pensionato II

 

Durante minha adolescência fui estudar em Recife e morei num pensionato de freiras.
O local funcionava num prédio antigo e ficava vizinho à uma igreja e um cemitério do séc. XVIII.
A construção, histórica, já tinha sido quartel, hospital, convento e colégio antes de se tornar pensionato.
Muitas histórias estranhas circulavam por ali, e algumas delas aconteceram enquanto eu morava lá.

O que vou contar agora é sobre outro acontecimento estranho que ocorreu no Pensionato!

Os quartos das pensionistas eram individuais, mas os outros ambientes eram coletivos, como o refeitório, a sala de tv, a capela e os chuveiros, estes consistindo em um grande corredor de azulejos brancos dividido em cabines com portas.

Ao final do corredor dos chuveiros ficavam as cabines com os assentos sanitários, estas também divididas e com portas.

Em uma madrugada, uma das pensionistas levantou para ir ao banheiro. Ela não gostava de andar pelos corredores escuros sozinha durante a noite, mas a necessidade era maior.
Assim, mesmo com uma sensação desagradável de medo, dirigiu-se para lá. À medida que se aproximava do banheiro, o medo aumentava, e uma sensação estranha tomava conta dela.
Mesmo assim, continou o seu caminho. Ao entrar no corredor, a sensação estranha aumentou.
O local era bem iluminado, e mesmo durante a madrugada as luzes ficavam acesas.
Assim que deu alguns passos parou, estupefacta: de dentro de uma das cabines saía uma mão pequenina e rosada, de criança, e fazia um gesto chamando-a.
Após alguns segundos de congelamento movido pelo pânico, a pensionista deu a volta e saiu correndo.

Quando deixava o local ouviu uma risadinha e uma vozinha de criança dizendo: "Eu vou voltar".

 

Sêmele - Piauí

Relatos P2